De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança, a Amazônia possui 13 das 30 cidades mais violentas do país, o levantamento foi divulgado nesta terça-feira, 28, e faz parte do anuário com base nos casos registrados entre 2019 e 2021.


Os dados foram elaborados mediante um ranking usando como referência o índice de mortes a cada 100 mil habitantes. Este ano foi incluso município pequenos com um cálculo proporcional relacionando a quantidade de moradores e as mortes violentas intencionais, incluindo homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e assassinatos em ações da polícia.


Foi considerado pelo levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o recorte de três anos entre 2019 e 20221, "para evitar distorções", já que assassinatos registrados em apenas um ano seriam insuficientes para indicar o fenômeno em cidades de pequeno porte.


“Com três anos, dá para dizer que a violência está presente no território. E é a média dos últimos três anos, não algum episódio pontual. Nem países em guerra têm essa taxa. O fenômeno da violência está se interiorizando para municípios com menos de 100 mil habitantes. E a Amazônia é a síntese desse quadro de violência extrema no Brasil”, afirma Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum.


O presidente do fórum faz uma relação entre os crimes na Amazônia à omissão do Estado somada à presença de facções criminosas, que transportam armas e drogas para o país, pois o crime organizado ausência das Forças Armadas em áreas fronteiriças ou em terras indígenas para controlar as ações ilegais no território.


"O crime organizado tem exercido um papel de 'síndico da Amazônia', controlando a economia do crime. Isso envolve o garimpo, a pesca ilegal, o combustível clandestino e até a prostituição. É como a milícia no Rio, ocupando as brechas deixadas pelo Estado", pontua.


Das 30 cidades mais violentas do país, há 19 rurais, oito intermediárias e três urbanas. Pará é o estado que lidera o ranking 7 cidades, seguido de Bahia e Rio Grande do Norte 5 cidades cada um e Ceará 4 cidades. Japurá AM é a menos populosa delas, com apenas 1.755 moradores, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.




A mais populosa é Anapú PA, com 29.312 habitantes, ainda segundo o IBGE.


Ocupando o 1° lugar no ranking está a rural São João do Jaguaribe CE foi palco do assassinato de um importante político da região, o advogado Vicente Robson Chaves Freire, ex-vice-prefeito do município, foi morto a tiros em janeiro de 2021.


Em Jacareacanga no Pará, um indígena da etnia Munduruku foi assassinado, aparecendo em segundo lugar na Amazônia Legal a lista dos municípios mais violentos do país, conforme o Anuário. Arlesson Glória Panhum da Silva, 21, foi morto a tiros quando estava em um bar.


E três dias após o crime o suspeito de matar o indígena acabou sendo assassinado em sua casa durante uma ação da Polícia Militar, que afirmou ter reagido a disparos. Um revólver foi apreendido no local, de acordo com a Polícia Militar.


Ainda segundo dos dados, crimes violentos foram registrados no anuário, foi o caso de quatro assassinatos na saída de um garimpo ilegal, o fato ocorreu em novembro de 2020, e Aripuanã, MT.


Os crimes não param por aí, uma sequência de seis assassinatos de trabalhadores rurais no interior do Maranhão entre junho e outubro de 2021 motivou a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) a elaborar uma nota de repúdio cobrando o então governador Flávio Dino (PSB) a frear a tensão no campo.


"A aposta governamental no aumento do agronegócio tem relação direta com casos de grilagem e morte no campo, e o incentivo a megaprojetos, com o aumento da degradação socioambiental e a expulsão de comunidades a todo o custo de seus lugares de vida", dizia um dos trechos da nota elaborada na época em que aconteceu os fatos.


Em 22º lugar no ranking das cidades mais violentas do país, Junco do Maranhão, MA, também integra a região da Amazônia Legal.


47,5 mil mortes violentas foram registras no ano passado, e a taxa chegou a 22,3 mortes para cada 100 mil habitantes, equivale uma queda de 6,5% em relação a de 2020.


Trata-se do menor índice da série histórica, iniciada em 2011.


O levantamento aponta que ao todo 77,6% das vítimas de mortes violentas são pessoas negras.


Por: Alessandra Oliveira | Comunicadora @rbapragominas

Fonte: UOL