O Bullying consiste em ameaçar ou intimidar alguém; humilhar por qualquer motivo; excluir; discriminar por cor, raça ou sexo; falar mal sem motivos, etc.


Agressões verbais são mais comuns do que agressões físicas e, na escola, elas ocorrem com bastante frequência, esta mesma prática também acontece no meio digital.


Em uma pesquisa realizada pelo Observatório Febrabran, 79% dos entrevistados acham que os casos de bullying cresceram muito no Brasil. A impressão sobe para 85% em relação a essas práticas através de redes sociais, celulares, plataformas de mensagens e jogos.


E a preocupação com o tema cresce na mesma medida.


De acordo com o levantamento, 81% dos pais afirmam o receio de que seus filhos sejam vítimas dessas práticas.


Os que apontam maior preocupação são as mulheres 85% e os mais jovens de 18 a 24 anos 90%. Para 75% dos entrevistados, atitudes que discriminam, humilham ou ridicularizam alguém não podem ser consideradas uma "brincadeira".




Mediante o levantamento, cerca da metade dos entrevistados que equivale a 49%, acreditam que o tema tem sido tratado de forma insuficiente, sendo um descaso.


“O que emerge do estudo é que os problemas de bullying e cyberbullying assumem um quadro dramático para crianças e jovens. E ameaçam o equilíbrio psicológico e a saúde mental deles, com indicativos de que também comprometem o desempenho escolar e as relações sociais.


Lembrando que o estresse provocado por essas práticas ainda encontra esses seres em uma fase frágil de desenvolvimento”, afirma o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe.


Segundo o levantamento Febraban/Ipespe, quase sete em cada dez entrevistados 66% acreditam que a principal consequência do bullying é o desenvolvimento de problemas como ansiedade, insegurança, distúrbio alimentar, depressão e até suicídio.


“Sabemos que há uma relação direta entre o bullying e o suicídio, entre o bullying e o aparecimento de doenças mentais. Isso é grave e não estamos dando o valor e a atenção que deveríamos dar”, afirma Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.


Ainda segundo a pesquisa, o silêncio das vítimas chama a atenção na pesquisa: 62% dos entrevistados afirmam que as vítimas não denunciam os agressores. Entre os jovens de 18 a 24 anos, o índice é de 71%.


Os motivos mais mencionados para o silêncio são falta de apoio, medo de retaliação, vergonha, falta de conhecimento de onde e a quem fazer a denúncia e medo de críticas, o que reforça o abismo entre a existência e a solução do problema.


Já os casos em que as vítimas fazem algum tipo de denúncia, costumam recorrer mais a familiares e amigos (32%), depois a autoridades policiais (28%) e às próprias redes sociais, de acordo com a pesquisa.


Para os entrevistados, a solução passa mais por ações de conscientização e apoio psicológico e judicial do que por medidas punitivas.


“As campanhas e ações preventivas devem ser um trabalho contínuo e permanente para mudar um comportamento social que existe já há muito tempo.


É necessário ter o investimento em políticas públicas de saúde para o combate dessas ações”, diz Antônio Geraldo, da ABP, que promoveu recentemente uma campanha de combate ao bullying e ao cyberbullying com o tema "Delete essa ideia".



O fato é que para a grande maioria da sociedade segue o desconhecimento, inclusive sobre a existência de um aparato legal sobre o tema. Segundo o estudo Febraban/Ipespe, a maioria dos entrevistados 67% não sabia da sanção da Lei do Crime de Stalking, no ano passado, que tipifica o crime de perseguição.


“Não adianta termos lei sem aplicabilidade. Precisamos que as escolas a incorporem nos seus currículos. É preciso inseri-la na grade, de verdade, sem que seja apenas uma justaposição de matérias.


A mudança tem que ser no cotidiano. E com políticas públicas educacionais organizadas para a convivência”, afirma Luciene profissional da Unespe.


Por: Alessandra Oliveira | Comunicadora @rbapragominas

Fonte: O Globo